17 - Prosseguindo Para o Alvo


Lucas 17.32
“Lembrai-vos da mulher de Ló.”

Essa fala de Jesus ocorreu quando ele explanava sobre o que acontecerá no final dos tempos e diz que as pessoas “comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam”...
Ou seja, acontecerá em um dia qualquer, um dia em as pessoas estão vivendo o seu cotidiano, um dia como hoje. Mas a respeito disso trataremos em outra oportunidade, quero falar sobre a exortação específica de lembrarmos da mulher de Ló.
Porque devemos lembrar da mulher de Ló? Que fez para que Jesus dissesse para dela lembrarmos?
Genesis 19.26
“E a mulher de Ló olhou para trás e se converteu em uma estátua de sal.”
Vamos falar do risco de se olhar pra trás.

Olhar para trás aqui não significa fechar os olhos para o seu passado. Ninguém quer que você esqueça o que foi vivido como uma amnésia voluntária, negando a importância do seu passado; ou um alzaimer deliberado, esquecendo-se das experiências que passou. Devemos adotar uma postura de gratidão por tudo o que já vivemos, como experiências que nos foram dadas naquele momento oportuno, para que por elas passássemos e aprendêssemos. Sem contudo ficarmos presos e atados ao que já foi. Não é ser ingrato pela vida que teve, mas é deixar as coisas em seus lugares corretos.
O olhar para trás como o do texto pode trazer perigos e complicações que desejamos evitar.

   Olhar para trás pode paralisar;
A mulher de Ló olhou para trás e se converteu em uma estátua de sal.
Quando olhamos para trás, corremos um sério risco de viver do passado e para o passado. Todos nós conhecemos alguém que fala do passado como o melhor lugar para se estar, para se viver (naquele tempo é que era bom...). Pessoas que contam histórias antigas como se as estivessem vivendo agora, com suas dores e suas glórias.
Devemos sim lembrar o nosso passado, para recordarmos de onde saímos. Termos ciência de nossas raízes. O conhecimento do passado deve nos trazer segurança de para onde estamos caminhando e para onde queremos ir!
Quem vive no passado e do passado, não tem tempo de viver o presente e nem de planejar o futuro, logo o passado passa a ser toda sua vida. Quem está no passado, passará o tempo presente e futuro conjugando o verbo no pretérito, e por isso não obterá vitórias, conquistas, não vencerá desafios... Tão somente recordará.
O apóstolo Paulo em Filipenses 3.13 e 14 diz: “esquecendo das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo”! O texto fala do abandono do pecado: que quer dizer errar o alvo, não fazer a coisa certa. E está ligado essencialmente com a tentação de achar que podemos ser felizes sem Deus.
Ficarmos olhando e nos recordando de vitórias marcantes, ou de mágoas indescritíveis, é fazer como fez a mulher de Ló, é olharmos para trás.
As mágoas nos maltratam, as dores já foram sentidas, já causaram estragos suficientes. Não devem mais ser lembradas ou sentidas, devem ser esquecidas, para podermos caminhar em direção as coisas que estão à nossa frente. As mágoas podem nos paralisar.
As alegrias das conquistas do passado nos extasiam, e nos dão a falsa sensação de dever cumprido. E isto pode nos paralisar.
Um clube que vive de uma conquista do passado, e a vive celebrando como seu feito maior, é porque não conquistou nada de valor depois, não venceu mais nenhuma disputa importante. As vitórias do passado não devem fazer virarmos a cabeça pra trás, e nos impedir de avançar.

     Olhar pra trás dificulta ver o que está à frente;
Quem vive dirigindo de olho no retrovisor, dificilmente enxergará os buracos e as curvas da estrada. De igual forma quem vive a vida de olho no passado, não enxergará as dificuldades do caminho a sua frente, nem se aperceberá das mudanças de rumos e rotas que deve empreender.
Há um ditado na áfrica que diz: “Toda manhã, não importa se você é leão ou presa, mas se quiser sobreviver hoje, é bom começar a correr.”
Isso nos remete a luta diária, a busca pela vitória nesse dia, a nos esforçarmos ao máximo dentro de nossas limitações, para plantarmos nossa semente hoje.
Ao olharmos para trás, podemos não observar que uma pequena correção no rumo deveria ter sido feita, pois estávamos tão ocupados com o passado, que não observamos as mudanças que cada momento do caminho de nossas vidas exige.
Uma criança tem um percurso diferente de um jovem, estes de um adulto, ou de uma pessoa idosa. Estamos vivendo caminhos diferentes, embora devemos seguir sempre pro mesmo “norte”, o mesmo alvo.
A mulher de Ló ao olhar pra trás deixou de enxergar o futuro que se descortinava a sua frente. O olhar pra trás pode matar o futuro, e impedir que se ande para frente.
Fixar os olhos nos erros do passado nos impede de darmos o próximo passo.
Nosso passado não tem que determinar nosso futuro! Seu caminho começa onde os teus pés estão plantados hoje. Cumpre a você escolher para onde quer ir, e começar a dar os passos para chegar lá.
O sábio diz que o “coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”, portanto temos que planejar, nos programarmos para atingir os objetivos que almejamos, submetendo sempre àquele que dá a resposta correta.

     Olhar para trás tira o prazer e a gratidão;
Olhar para frente nos faz ver as alegrias das conquistas diárias, dos pequenos prazeres, das dádivas que nos fortalecem a cada dia. Isso tudo nos é tirado ao mergulharmos nosso olhar no passado.
O povo de Deus em sua caminhada pelo deserto olhou para trás, para o tempo em que eram escravos no Egito, e desejaram estar lá para comerem das comidas da escravidão. Ao olharem para trás, não viam o milagre diário que Deus realizava os alimentando com pão (maná), água e até codornizes (carne).  Não conseguiam enxergar que Ele colocava uma coluna de nuvens para amenizar o calor do dia trazendo frescor e sombra; e nas noites gélidas do deserto, uma coluna de fogo para os aquecer e iluminar... Prazeres que só entende quem teve sede e fome, ou quem padeceu sob um sol fortíssimo, ou sentiu o frio atravessando seus ossos. Por esse motivo não desenvolveram e nem experimentaram uma postura de gratidão, mas por ficarem olhando para trás, ficaram somente reclamando, e com o coração ingrato.
Temos que nos alegrar no presente tempo, e assim construir uma relação de gratidão pelas coisas que vivemos. O olhar para trás faz com que tenhamos um sentimento saudosista, um prazer exagerado por coisas que tivemos, e nos faz esquecer de termos alegria nas que estamos vivenciando.
Também por este motivo, somos chamados a andar em novidade de vida.
A mulher de Ló preferiu olhar para o que lhe dava prazer no passado, no presente ficou paralisada, e não teve futuro.

Se assumirmos uma postura de gratidão por aquilo que passamos, entenderemos o sentido de não olharmos para trás, para não nos paralisarmos na posição triunfalista da vitória, ou nas ciladas armadas outrora, e que nos trouxeram dor, mas que não precisam continuar doendo na atualidade. Enxergaremos com nitidez o caminho que está a nossa frente, e nos planejaremos para vivê-lo de forma a usufruir o prazer das pequenas conquistas e sermos felizes e gratos pelo que está acontecendo.

E é assim que desejo que cada um de nós esteja vivendo, sem olhar para trás, caminhando no presente, para vivermos um futuro de paz, alegria e amor!

Roberto 17/03/2014.