Asas da Aflição
Salmo 102.1/12
SENHOR, ouve a minha oração, e chegue a ti o
meu clamor.
Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.
Porque os meus dias se consomem como a fumaça, e os meus ossos ardem como lenha.
O meu coração está ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o meu pão.
Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele.
Sou semelhante ao pelicano no deserto; sou como uma coruja nas ruínas.
Vigio, sou como o pardal solitário no telhado.
Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que se enfurecem contra mim têm jurado contra mim.
Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida,
Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste.
Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando.
Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração.
Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.
Porque os meus dias se consomem como a fumaça, e os meus ossos ardem como lenha.
O meu coração está ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o meu pão.
Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele.
Sou semelhante ao pelicano no deserto; sou como uma coruja nas ruínas.
Vigio, sou como o pardal solitário no telhado.
Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que se enfurecem contra mim têm jurado contra mim.
Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida,
Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste.
Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando.
Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração.
Israel estava sendo levada ao cativeiro. Era um cenário de desolação. As
pessoas viam sua vida indo embora.
Diariamente lutamos nossas batalhas cotidianas, algumas vezes vencemos,
outras não logramos êxito, mas não podemos parar de lutar!
O texto exprime uma dor violenta: Os dias se consomem como fumaça, vão
se dissipando até nem mais ser notada; os ossos ardendo como lenha estralando
sob o calor do fogo que o consome... o coração ferido e seco como a erva. A dor
é tanta que a necessidade primordial, que é alimentar-se ele nem se recorda, e
quando o faz, come cinza no lugar de pão e sua bebida misturada com lágrimas. É
a exata descrição de quem está sendo consumido por uma tristeza extrema.
Todos nós passamos por lutas, por desafios, e algumas vezes a luta se
estende e se intensifica por tempos sem fim...
A dor sempre é mais forte em nós, outro não pode senti-la por você, e
você não consegue senti-la pelo outro.
Imagino um homem inocente sendo preso! É um ambiente como esse que se
desenvolve o salmo. Nelson Mandela, ficou cativo, encarcerado por 27 anos.
Foram quase 3 décadas roubadas de sua vida! Entretanto ele não se deixou
destruir, fez da prisão sua casa, e do cárcere escreveu uma história que mudou
o mundo em que vivia. O motivo que o levou a prisão, fez dele também o primeiro
em seu país.
E nesse contexto de cativeiro, de dor, de desolação e de desesperança,
o salmista ilustra sua aflição com a figura de três aves:
1- Pelicano no Deserto
Situação contrária a sua natureza!
O pelicano é uma ave aquática, tem por alimento básico os peixes, e é
um exímio pescador. Sua envergadura pode atingir até 2,7 m . É uma ave que
necessita viver onde tem água, sendo esse o seu habitat.
O salmista está vivendo um momento contrário a sua natureza. Hoje em
dia muitos de nós estão vivendo um período assim. Vivendo dias de dores,
vivendo um momento totalmente contrário aquele de sua natureza.
Nós podemos passar pelo deserto, mas não fomos criados pra viver no
deserto.
Passar pelo deserto pode trazer benefícios. Israel passou por um longo
deserto..., mas foram 400 anos de Egito.
No Egito aprendemos muitas coisas erradas, sentimento de inferioridade,
e para tirar essas coisas erradas do povo de Deus, passou 40 anos pisando as
areias.
Jesus no deserto foi tentado e venceu as tentações como homem. Venceu
no deserto com e pela palavra do Pai. O deserto tem que ser escola, tem que ser
preparação para a vitória. Foi assim que agiu Mandela, fez do cativeiro sua
universidade, das algemas seu mestrado, e nós devemos também fazer do nosso
deserto uma preparação.
O pelicano tem em si a marca das águas... trás em suas narinas o olfato
do mar. Temos a vitória na cruz do Senhor. Colosenses 15.57 - “graças a Deus
que nos dá a vitória em nosso Senhor Jesus
Cristo”. O selo, a marca impressa em nossas mentes tem que ser da vitória de
Jesus, Ele venceu no deserto...
As pessoas quando foram espiar a terra prometida voltam dizendo que são
como gafanhotos perto deles, pois eles são gigantescos, e contra esses gigantes
é que teremos que lutar. O povo fica desesperançado, entretanto Josué que
também espiara a terra diz: Se o Senhor se agradar de nós..., como pão os
podemos devorar”, Números 14.8 e 9.
Você pode estar se defrontando com um inimigo muito mais forte e hábil
que você. Você pode estar se sentindo fraco e inferiorizado. O deserto que terá
que caminhar pode te parecer imenso, sem fim... mas lembre-se, nada é grande
demais para Deus!
No deserto temos que lembrar os feitos do Senhor, temos que recordar a
Sua Palavra.
Salmo 46. 10 e 11 – “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus... o Senhor
dos Exércitos está conosco; Deus é o teu refúgio”.
Creia e aguarde, o Senhor está trabalhando, e você pode se alegrar,
afinal, Deus é muito bom!
2- Como a Coruja nas Ruínas.
As corujas são aves de rapina, tímidas, solitárias e discretas, animal
de hábitos noturnos, excelente caçadora, tem uma visão apurada com pouca luz e
uma audição privilegiada, alimenta-se de pequenos animais e insetos, que
costuma ingerir inteiro e redeglutir as partes que não aproveita de suas
presas, como ossos e penas... costuma viver em buracos cavados por outros
animais, quer no solo, como em árvores, e também em cavernas. O macho
quando quer acasalar, leva uma presa e oferece a fêmea, que se aceitar, da
sinal verde para o acasalamento.
A coruja já é um animal solitário, vivendo em ruínas, torna-se ainda
mais solitária.
As ruínas demonstram que naquele local já teve algo. Portanto quer nos
simbolizar algo que já viveu seu auge, e hoje está abandonado.
Representa pessoas que vivem remoendo memórias de derrotas e fracassos
do passado, acabam se isolando e sentem-se frustradas. Ficam se torturando
pelas perdas sofridas, e passam a viver de maneira abatida e sem luz, sem
brilho. Escondem-se das pessoas, vivendo em isolamento.
Características de alguém que vive deprimido pelas experiências
fracassadas de um passado triste.
Todas as pessoas tem ao menos uma história de fracasso em sua vida.
Moisés matou um egípicio, e quando foi repreender dois irmãos, indagaram se ele
iria os matar também. Ele tinha um homicídio sobre suas costas, e descobriu que
não tinha sido um crime perfeito, pois as pessoas sabiam o que tinha feito. Mas
não ficou como a coruja nas ruínas, antes se levantou e tornou-se o grande líder
que levou o povo de Deus à libertação.
Pedro negou Jesus, e não por uma vez somente, mas três vezes. O número
2 na cultura judaica quer dizer uma ênfase, o número 3 um superlativo. Assim
quando Pedro nega Jesus 3 vezes, representa também que foi uma negação
superlativa... algo muito acentuado. Seu fracasso não foi obstáculo para ele se
tornar um dos principais expoentes da Igreja primitiva, e do cristianismo,
operando de forma milagrosa e levando vida a muitos que não tinham.
Hebreus 10.38/39 diz: “Mas o meu justo viverá pela
fé. E, se retroceder, não me agradarei dele. Nós, porém, não somos dos que
retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos.”
Devemos abandonar a ruína e usar a nosso favor as características que
temos, a exemplo da coruja, a audição e visão apuradas, para enxergarmos as
oportunidades que se escancaram diariamente a nossa frente, sem deixá-las
passar por medo de fracassar novamente.
O último capitão brasileiro a levantar uma taça de campeão mundial foi
o Cafu. Ele tentou sem sucesso por 11 vezes ser jogador de futebol, e em todas
elas ele foi rejeitado, foi desprezado, em todas essas oportunidades colecionou
fracassos. Mas não desistiu, abandonou a ruína e lutou novamente, e somente na
12ª vez foi aceito para jogar nas categorias de base de um time da 4ª divisão
do estado de São Paulo. E assim começou uma carreira, o caminho de um dos mais
vitoriosos jogadores de futebol do mundo.
3- Pardal Solitário sobre o
Telhado.
Os pardais são pequenos pássaros de uma família de aves denominadas Passeridae. São aves cosmopolitas, vivem
geralmente em bandos, que chegam até a ultrapassar 500 pássaros. Alimenta-se de
sementes e pequenos brotos vegetais, e na época da reprodução passam a
alimentar-se de pequenos insetos.
Um pardal solitário em cima do telhado representa pessoas que se sentem
desprezadas, deixadas de lado, pessoas que se sentem invisíveis.
As vezes estamos no meio de tanta gente e nos sentimos sozinhos.
Assim é o pardal solitário no telhado. Alguém que foi feito pra viver
acompanhado, rodeado, em sociedade, mas não consegue se enturmar, está
sentindo-se sempre abandonado, sozinho.
Jesus experimentou esse sentimento por você, quando estava levando
nossos pecados sobre a cruz, Ele se sentiu desamparado.
Elias após derrotar os 400 profetas de baal, foge para uma caverna e
sente-se sozinho e diz à Deus, só restou eu!
Mas o Senhor mostra que ele não está sozinho, que havia mais de 8000
homens para estarem ao lado dele, para fortalecerem-no, para lutar com ele, e
pra serem vitoriosos juntos. Deus não te deixa sozinho, ainda que o peso do
pecado te faça sentir-se desamparado, Ele permanece ao teu lado, e coloca
outros como você.
E sobre o telhado, não encontramos abrigo, e estamos sujeitos as
intempéries. Sofre com a chuva, é castigado com o excesso de calor...
O lugar para se estar é na proteção, não no telhado.
O salmo 84 diz que até o pardal encontrou casa... e completa o salmista
dizendo eu encontrei teus altares Senhor Rei meu e Deus meu.
Estar diante do altar de Deus é o lugar de nossa proteção, de nosso
conforto, lá não estamos sujeitos a ventos e trovoadas.
Davi ainda afirma no Salmo 91.1 e 10: “aquele que habita no esconderijo
do Altíssimo, a sombra do Onipotente descansará... mal nenhum te sucederá, nem
praga alguma te atingirá”.
Se você está cansado das intempéries da vida, das tempestades desabando
sobre tua cabeça assim como o pardal sobre o telhado, busque abrigo no
esconderijo do Altíssimo, se abrigue na sombra do Onipotente... nele você
encontrará descanso, e o mal não te alcançará!
E por fim você reconhecerá que Ele permanecerá para sempre, e os Seus
feitos de geração em geração. Você O
conhecerá melhor, e O adorará!