O Baseado da Intolerância

No último sábado fez nove anos que houve o atentado ao World Trade Center, as torres gêmeas que foram atingidas pelos aviões sob o comando da Al-Qaeda. Em virtude disso e da possibilidade de se construir um memorial Islâmico próximo ao marco zero de New York, um religioso americano ameaçou queimar livros do Alcorão. O que foi demovido em virtude de colocar em risco a vida de americanos fora de seu país.
Mas esse episódio acendeu uma discussão sobre a intolerância religiosa que os seguidores do Islã se dizem vítimas.
Uma semana antes disso tudo, fomos surpreendidos pelo desaparecimento de um missionário brasileiro no Egito (país mulçumano) pelo simples fato de estar transportando material cristão dentro do carro que dirigia.
Um dos principais princípios da diplomacia é o da RECIPROCIDADE.
Entendo que para se falar em tolerância religiosa deveria haver uma via de mão dupla, em que se conquista algo, permitindo que a parte diferente também amplie seus direitos. Não é o que acontece no mundo Islâmico, ou em países de regime totalitário.
Não a margem disso tudo, um professor universitário do curso de direito, um australiano, resolveu filmar-se enrolando e fumando um baseado em folhas do Alcorão e da Bíblia, alegando que queria saber qual queimava melhor.
Não vou aqui falar do desrespeito à crença alheia por ele praticado.
O fato é que isto me fez recordar uma música dos anos 80 composta por Pepeu Gomes e Baby Consuelo denominada – “O mal é o que sai da boca do homem”. Nela os versos praticamente se repetem dizendo: “Você pode fumar baseado, baseado em que você pode fazer quase tudo! Você pode comer baseado, baseado em que você pode comer quase tudo! Você pode beber baseado, baseado em que você pode beber quase tudo”.
Enquanto uns viajam na fumaça de seu baseado, outros transformam em baseado sua intolerância, viajando até mais longe ainda.
Em psicologia forense se estuda que é muito mais fácil um assassino matar alguém que ele não conhece, a alguém de sua convivência e que tem um lastro de relacionamento. Claro não estou falando de crimes passionais.
Se uma pessoa vai assaltar outra, que para ela nada mais é que a fonte através da qual vai obter o que deseja (dinheiro, carro, bens etc), se com ela não tiver nenhum contato, não a conhecer, não tiver um envolvimento pessoal, fica muito mais fácil puxar o gatilho, se entender necessário.
Prova disso foi o que aconteceu com os seqüestradores da filha do apresentador Silvio Santos alguns anos atrás, que passaram a conversar com a seqüestrada, e assim, viver a vida dela pelos olhos da menina, e não tiveram coragem de fazer o que pretendiam.
A Bíblia é simplesmente um símbolo da fé e da crença que as pessoas têm. Em si mesmo não possui nenhum poder.
Ela é um canal para aprendermos e conhecermos de Deus. À medida que passamos a usar cotidianamente a mesma, ela passa a fazer parte de nossa vida, e ai sim passamos a valorizá-la, não como um livro, mas como um meio de obtermos intimidade com Deus e aprendermos um pouco de Sua vontade. Fora isso, será simplesmente um livro, feito de papel, que poderá ser enrolado e queimado, como fez o professor australiano, ou servir de pretexto para fazermos nossas inquisições.
A intimidade com as coisas e as pessoas nos leva a entendermos os posicionamentos e valores delas. A intimidade com o Senhor nos faz ver e entender Sua vontade, e ela está revelada nas páginas da Bíblia, a qual você pode queimar com o fogo do ódio e do desrespeito ou ainda com a indiferença e a ignorância.
Você pode ver tudo de um jeito diferente deste, e eu não acenderei o baseado da intolerância, porém, eu vejo assim!
 

Roberto 15/09/2010