Na última semana fomos surpreendidos com o homicídio de um professor universitário por seu aluno mal sucedido na matéria que lecionava. No dia seguinte outra manchete sobre o ensino estampava e escancarava uma pratica cada vez mais freqüente nas casas de saber, outro professor foi fortemente agredido por seu aluno por não ter conseguido êxito naquela disciplina. Outras histórias de agressões e intimidação de alunos para obterem notas foram publicadas na imprensa, e para terminar a semana de ensino nos jornais, o Brasil está na qüinquagésima terceira colocação no ranking que engloba 65 países avaliados pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e que examinam disciplinas como Leitura, Matemática e Ciências, em alunos nascidos em 1993, matriculados no oitavo ano, sétima série. Dos 470 mil estudantes submetidos ao exame, 20 mil eram brasileiros. Para entendermos mais ainda a avaliação, dos alunos estudantes em escolas federais, o Brasil ficaria entre os 08 melhores do ranking com 528 pontos, se fossem observados somente os alunos de escolas particulares, cairia para 502 pontos e estaria entre os 20 melhores, e se levasse em consideração somente as escolas municipais e estaduais estaria entre as 7 piores com 387 pontos. Triste realidade!
Mais triste quando observamos que sempre a prática da força, da intimidação, de fazer valer a vontade pessoal sobre os demais, tem sido prática constante não somente nesses episódios da educação, mas quando vemos vestibulares e concursos fraudados, quando vemos a prática da “carteirada” já institucionalizada, afinal você sabe com quem está falando?
Tais práticas infelizmente tem se enraizado no cotidiano do país, e quem não possui uma posição de ascendência para intimidar, para dela se utilizar, passa a ter um só argumento para fazer valer sua vontade, a força.
A força como argumento é derivado da mesma raiz que os demais meios de manutenção ou pressão na sociedade que não seja o mérito, o merecimento.
Tanto o jeitinho brasileiro, quanto a influência política, e aqui não só a política partidária, mas a política interna existente nas empresas privadas inclusive, quanto sua mais rudimentar forma, a força, somente passam a existir e tomar lugar pela falta de um elemento essencial para a vida em sociedade, a ÉTICA.
A ausência de ética faz com que se dê lugar a pessoas que usam de sua posição para conseguir benesses e favores que não estão ao alcance de cidadãos comuns.
Um projeto aprovado em tempo recorde para satisfazer os desejos e a vontade de um figurão qualquer, que pode prejudicar ou beneficiar os envolvidos no processo, é uma forma de pressão, de coerção, de intimidação, e provém da falta de ética, tanto quanto o soco desferido por um lutador de vale tudo que quebra o nariz de seu professor, que não deu ao mesmo a nota desejada.
Para ilustrar o que vem a ser ética, lembro-me da história de um pai que foi pescar com seu filho, em período proibido para tal, então somente poderiam pescar e soltar o peixe de volta ao rio. No dia seguinte estaria liberada a pesca. Já por volta de 20 h., o maior peixe que vira em sua vida alcançou seu anzol, o peixe era extremamente grande, e estava lá fisgado, preso no anzol do garoto, que estava entusiasmadíssimo com seu feito, tanto que se quer recordou que estavam no período de proibição de pesca. Quando seu pai tratou de lembrá-lo, fez com que ele pensasse em uma alternativa, e disse ao seu pai: Faltam poucas horas pra abrir a temporada de pesca, poderíamos deixar o peixe no anzol até dar meia noite quando podemos retirar sem correr o risco de infringirmos a lei! Seu pai não aprovou a idéia, e fez o que deveria fazer, e soltou o peixe. Em seu relato, o outrora garoto, hoje senhor já bem vivido diz que nunca mais em sua vida conseguiu pescar um peixe daquele tamanho, mas que a lição de ética aprendida com seu pai foi ainda maior.
Ética é fazer aquilo que se tem que fazer mesmo quando não há ninguém observando.
O pior de toda nossa educação reside no fato de que existem muitos pais ensinando seus filhos a pescar antes da hora, e entusiasmando os mesmos a levar seus peixes proibidos para suas casas como troféus, lesando toda uma sociedade, que sem outros argumentos agem como o estudante que tirou a vida de um pai de família com duas crianças para sustentar e uma esposa pra amparar.
É a era das cavernas invadindo nossas universidades, fazendo valer a lei do mais forte, não só na força física, como também na força social, em que matar e incendiar um homem não é crime se quem o fez for filho de alguém com influência suficiente para empregá-lo em tribunais superiores, ou se andar acima da velocidade permitida só não é permitido para quem não tem quem dê um jeitinho para que a multa seja desconsiderada, ou passar em concurso público e vestibular só é necessário se você não tem alternativa de ser aprovado por outras portas.
Por isso o sábio Salomão já advertia há aproximadamente três mil anos atrás que: “a opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração”; “Pedra mágica é o suborno aos olhos de quem o dá”. “O perverso aceita suborno secretamente, para perverter as veredas da justiça.” Eclesiastes 7.7, Provérbios 17.8 e 23. Mas Davi seu pai o ensinava que: “o que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste modo procede não será jamais abalado” Salmo 15.5
Que possamos abandonar a era das cavernas, e que a opressão e a força sejam trocadas pela ÉTICA, para que tenhamos um país em que a justiça nao é pervertida, e a sabedoria é valorizada.
Espero que você também veja que o caminho mais fácil hoje implicará em dificuldades ainda maiores amanhã. Eu vejo assim!
Roberto 14/12/2010