Quando o medo apavora a esperança

Lembro-me ainda que no final dos anos 80, tivemos a primeira eleição presidencial, o segundo turno contou com dois candidatos, um de centro-direita (Fernando Collor de Melo, e outro tido como radical de esquerda (Luís Ignácio Lula da Silva). Recordo-me que o tema do segundo turno do então radical Lula era: “A esperança vence o medo!”

Essa frase ficou famosa, e tornou-se usual.

Entretanto, nos dias de hoje, com o que aconteceu em Oslo na Noruega, e o que vivi na noite de ontem, pude experimentar uma sensação até então por mim desconhecida, do medo apavorando a esperança.

Atitudes radicais geralmente atraem reações radicais no sentido oposto, como na lei da física, em que uma ação gera uma reação de igual intensidade no sentido oposto.

Com a radicalização de atitudes Islâmicas tal como 11 de setembro, prisões de pastores e missionários em países que adotam tal confissão, a impossibilidade de liberdade de escolha religiosa nos mesmos países, bem como a crescente apologia que os veículos de comunicação tem feito sobre o homossexualismo, tem gerado em mentes doentias, uma reação descabida e insana.

Dias atrás, em uma pequena e pacata cidade do interior de São Paulo, pai e filho se reencontram e trocam um gostoso e saudoso abraço, quando são interrompidos abruptamente por um bandido que confundiu os dois com um casal homossexual, e mesmo o mais velho dizendo ser pai do outro, foram duramente agredidos, perdendo parte de sua orelha o genitor. Isso tudo porquê? Pelo radicalismo, e a incapacidade de conviver com quem é diferente.

Não necessito olhar para ver o medo apavorando a esperança desse pai e filho, que poderia ter sido eu ou você.

Por igual motivo, o insano Anders Breivik, norueguês radical de direita, e que ainda se dizia cristão, matou mais de 70 pessoas, espalhando insegurança por todo um país, e nos mostrando que o caminho do ódio e da violência gera somente mais ódio e violência. Novamente observa-se o medo apavorando a esperança dos concidadãos do Nobel da Paz.

Noite de ontem, eram quase 20.00h, chegávamos em casa, eu, meus filhos, que como podem ver pela foto do blog são pequenos, minha tia e uma amiga.. Minha esposa já estava em casa com outro amigo nosso. Ao adentrar a garagem, e antes de descer do carro fui abordado por uma pessoa que anunciou o assalto e determinou que deixasse o portão fechado. Ao anunciar o assalto possuía algo embaixo de sua camisa, que pelo formato entendi ser uma arma, e recebi uma cabeçada. Entretanto o mesmo se distraiu com algo atrás do veículo, momento que coloquei a mão em sua camisa e percebi que não havia arma nenhuma, quando então parti pra cima do mesmo e ao gritos de ‘sai daqui.’ Fui rendido por um segundo indivíduo que portava uma arma bem a mostra, com a qual, golpeou minha cabeça por duas vezes, e passei a ser agredido pelos demais, eram três. Minha mulher com os gritos que vinham da garagem aparece na sacada, e viu tratar-se de um assalto, gritei rápido pra ela entrar e trancar a porta, ao verem que a polícia poderia ter sido avisada, roubaram a bolsa de minha tia de 80 anos e levaram as chaves do veículo e fugiram.

Logo em seguida a polícia que fora avisada por um vizinho chegou e pude então saber que os mesmos haviam efetuado no dia anterior um assalto idêntico, assustando toda a família, e levando os veículos e os bens do imóvel, sendo que ainda foram extremante agressivos com os mesmos.

Senti nas expressões de todos nós que o MEDO HAVIA APAVORADO A ESPERANÇA.

Sei que agi errado ao tentar defender expondo minha vida, a de meus familiares. Entretanto, após o ocorrido, e por tudo que tem acontecido, uma mensagem veio a minha mente, são palavras de um rei, que na antiguidade disse: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam, se o Senhor não proteger a cidade, em vão vigiam as sentinelas”

Sei que não estou menos seguro que antes do fato acontecido, e nem mais protegido que me encontrava, sei que se Deus não estivesse me guardando, ao invés de lerem a história que escrevo, estariam vendo nas páginas dos jornais a notícia de mais um latrocínio.

Mais difícil ainda é explicar pros meus filhos que aqueles que aterrorizaram a noite deles, se forem pegos, não ficarão na cadeia por conta de uma lei que coloca na rua criminosos com pena inferior a 4 anos de reclusão, e assim, amplamente amparados pela impunidade legal, podem voltar aos nossos lares colocando uma arma em uma cabeça, que poderia ter sido a tua, assim como foi na minha.

Mas apesar do medo ter apavorado minha esperança, ela não está depositada em homens que se deixam corromper, nem em sistemas burocráticos, nem ainda em defensas que utilizo para resguardar meu lar, mas sim nAquele que mesmo após todos estes fatos, agradeci, e solicitei sua proteção, recebendo a paz que inundou meu coração, e assim, tomadas as devidas precauções, dormimos tranqüilamente o restante da noite.

Que você possa também sentir que mesmo apavorada, a esperança nEle não se desespera!
Roberto - 27/07/2011